sexta-feira, 15 de abril de 2011

Lua em dó maior

por Jorge Bem Amado

foto de JP

A Lua mente crescente em fá.
Consente quem ré pede seu tormento.
Lembro que chorava pequeno com medo da noite,
mas o luar me acolhia.
Hoje voltei para casa cansado.
Há almas boêmias, solitárias, tristes, felizes.
Silêncio da noite nova, Sé Velha.
Vazia…. como o fado.
Em Coimbra, me engano, Cuiabá
sobes depois do por do sol mais vermelho e profundo.
Recebi uma carta, está chovendo em Caruaru.
Só penso em alcançar os braços dela
morder aquele norte, em mi menor,
cruzar as pernas dela no meu peito.
Ai Lua do Sul estas sempre certa
quando escura, embriagada,
controlas as ondas, as brisas,
e no céu semi-árido,
fazes ventar naquela rede, 
onde, olhando os planetas na varanda,
descansa o meu amor.


1 comentário:

  1. lua
    luz
    líquida
    filigrana
    pelo meu avesso

    o amor
    é um estado de lucidez.

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