quarta-feira, 25 de maio de 2011

Grand Prix

Jorge Bem Amado
Senna no GP de Interlagos em: http://www.motornews.com.br/?materia&id=84

Se tenho medo?
Claro que sim.
Não vá pensando que desconheço os caminhos que levam aos tormentos,
mas já sei controlar os ventos e as tempestades,
andar na chuva sem sentir frio
caminhar na praça e perceber a vida
nos contornos das flores,
no cheiro das abelhas.

Se  tenho amor?
Com certeza.
Pelo teus sons e gestos
aprisionei minha alma em seu sono,
nesse corpo que é dádiva de fogo,
cobertor da madrugada,
protetor solar.

Se  tenho coragem?
É lógico.
O que é a caminhada sem o risco
de ter animais na pista,
de escorregar em águas turvas, confusas?
Cortarei as desavenças,
acelerando contra a distância,
a ultrapassar as pequenas covardias humanas
só para ser seu pole position
e te ganhar de ponta a ponta



quinta-feira, 19 de maio de 2011

São Bento Pequeno

Por Gajo de Alfama
Mestre João Pequeno, foto em: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRZYO9MccVDDxdExC4xIz5me7vFTal05esXNMTo63vcCItudZhvnmukT5kJxq_MsnA1cXyIWZ9s067X8hcPyCAjCxN5hfrZ56eVCSsBxrRQ3Id0OmZ_vD04h85Yjit4MJIELXSYurUZXgA/s1600/Joao_pequeno.jpg

Berimba trançada de aço

é som de resistência à lua minguante no paço,

mesmo cortando o pneu com faca cega. 

Segura a verga firme, coloca-a entre os olhos. 

“Viva as Pedrinhas camarada!” 

Negativa para o mal desse mundo, 

e rabo de arraia na cara! 

Música cantarolada, equilibra o berimbau, 

“capoeira balança, mas não cai”. 

A cabaça é o ouvido e a boca. 

O som do povo, do Bahia, do Vitória, do Sport, do Santinha, do Ceará e do genérico de Feira.

Caxixi, olha a cobra cascavel. 

Som de ralar coco, gosto de moqueca de camarão.

Como uma briga de amor,

a baqueta quase beija o dobrão. 

Canto que disseca a alma. 

Esse toque chama-se São Bento Pequeno. 

O jogo é Angola

e quem ensina é o mestre João.


quarta-feira, 18 de maio de 2011

Tapete Rosa

Jorge Bem Amado
tapete rosa em: http://www.flickr.com/photos/suzanalatini/86982100/

Descobri seu segredo.
Você flutua
os  pés no tapete rosa.
Teu  suor tem cheiro de jambo molhado
que me dá fome do cuscuz que mastigas.
Cruza as pernas, balança os cabelos,
voa pelo mar!
Lança de pedra polida,
que marca meus braços com sangue fervendo.
Fatalmente fizeste-me dia
na minha vida que foi um pedaço de noite.
Delícia que assopra sussurros de fogo.
Chama,  cotovelo me enforcando
a puxar minha nuca com as mãos
indubitavelmente em direção a malícia do teu beijo
Infância tardia, amor tão eterno,
vem comigo morar na Aurora.



Tropical

Por Gajo de Alfama
homenagem ao Futebol Clube do Porto

I
 Entre as nuvens mais claras que a noite
a luz ilumina o bom rapaz
nas avenidas desertas de medo.
Um sorriso encontra-se perdido nos bares.
Percebeste um cartaz de amor?
“Procuro quem endossa a loucura,
carrasco de paz.
Por onde andarás, olhos morenos?
Nestas ruas vazias desejo encontrar
um vento frio que anime o sonhador
compartilhando o conto da rainha morta
gelo, névoa e luar”

II
Era madrugada naqueles becos de Coimbra,
nenhuma capa preta,
nem mesmo uma alma perdida passeava no Jardim da Manga.
Os fantasmas perseguem os loucos endiabrados
que gritam pela deusa que há dias assombra a Cabra.
Um homem procura se enturmar
entre embriagados no bar que fecha às três horas.
“Senhores, alguém viu um apaixonado?
Algum de vocês olha com tristeza a luz do dia
a sofrer por sarcasmo?
Tormentos, agonia
de querer um beijo com gosto de damasco.”

III
“Foda-se Pá. Cala-te.
Aquela era a imagem divina
mais bela de todas as mortais, era linda.
Em todos os corações brotaram alegria
como se a vida nos desse uma nova fantasia
e sobre as mesas aprendêssemos a sonhar.
Mas quem somos? Ninguém vagando para casa!
Ou por acaso ainda ouves aquela voz nos teus ouvidos?
 imaginas se deitar sobre aquela gaja
e fazê-la jurar que nunca serás abandonado?
Se pensas assim desiste, 
os romanos vieram, roubaram-na,
e depois o FMI. 
És órfão, condenado a beber o soro
que te proíbe de pensar sobre o retorno”
Anjo destemperado.
 Pois.

IV:
Não tenhas vergonha pá, deixa estar
Bacalhau, migas, chanfana, cabidela.
Trinca a casca dos tremoços
Que fazes com este copo vazio?
Thiago, traz-me um fino, faz favore.
Queres falar do Benfica? Perdeu.
E quem é o campeão?
O campeão és tu pá. És tu!
Carago, vamos pro NL.


  

domingo, 15 de maio de 2011

Desperta

Por Desconhecida
As Duas Fridas, Frida Kahlo

sob o manto noturno da tua ausência,
sem a fronteira do teu corpo,
o meu desvanece

 


sexta-feira, 13 de maio de 2011

Clichê

Por Jorge Bem Amado
Janela, foto de Labin


Dizer meu amor te amo é tão verdade quanto clichê,

mas as coisas simples da vida são assim,

óbvias e sinceras,

como a batida do meu coração ao segurar teus dedos,

o vento da praia que embaraça seus cabelo,

e nosso beijo com gosto do sal do mar.

Hoje em Coimbra está calor,

estava ouvindo Belchior e Alceu Valença,

lembrando que falta pouco para te dar um abraço.

Então venha! traz todas as estrelas, planetas, galáxias,

a alma dos santos guerreiros protetores,

a magia dos espíritos controladores do destino

e teu sorriso que me faz tanto bem!





quarta-feira, 11 de maio de 2011

Sonha

Por Jorge Bem Amado
cartão postal, em: http://www.flickr.com/photos/nycolau/page9/

O espelho dá medo quando olho somente a semelhança da face refletida,

mas a beleza da tua voz me chamando pela noite, não me deixa ter pesadelos,

os teus braços fortes e sorriso doce me cai melhor que sentar na praça a comer pitomba

o que me faz regressar ao desinteresse pelas faces alheias, 

chame isso do que quiser, sonho, destino ou escolha - é namoro. 

Quero sobrevoar a minha janela até entrar no seu quarto, 

e andar cautelosamente, como o ruído do vento,

puxar os seus lençóis e carinhosamente escorrer meus dedos em teu couro cabeludo,

afastar-te um pouco de lado e encostar tuas pernas nas minhas,

tapar a sua boca com meus lábios, e te beijar nos olhos,

sentir o cheiro de tua respiração e partir quando acordares.

Deixo-te como lembrança um postal

em cima de uma Vitória Régia.


sábado, 7 de maio de 2011

Toda riqueza guardada nessa vida!

Jorge Bem Amado
foto de Labin

Eu tenho um tesouro,

“por força deste destino” fui arrastado para bem longe dele, “a long time ago, in a galaxy far, far, away”.

Desculpas, sei que não foi fácil, mas tive que aprender a lutar de espada e escudo,

Esse tesouro foi sempre minha armadura, meu coração e meu destino.

E agora, “longe, tantas léguas”

olho pro passado e vejo,

que tesouro é composto de amor, carinho, felicidade.

O meu está guardado em Recife e estou louco para voltar a ficar perto dele.

É a minha família.





sexta-feira, 6 de maio de 2011

Berimbau

Por Gajo de Alfama


Bush, Obama e Osama,
super-vilões – prova viva (?)
da morte, tortura, demônio.
Tá pensando em que?
Bi-nário, bi-polar, zé bi-lola!
Dom Quixote um dia passeando na Sá da Bandeira,
Cândido a tomar um café abatanado no TAGV,
trocam um aperto de mão,
arrogância Ocidental.
Bondade, maldade, céu, inferno.
Batman, Coringa, Capitão Nascimento,
Romeu, Julieta, Orfeu,
estão todos errados.
Por isso que Capoeira é arte, é dança, é luta.
É amor.
E eu sou filho de Ogum.