quarta-feira, 15 de junho de 2011

Doce de Leite

Jorge Bem Amado


Distância é um vento que ganha forma
o corpo de tão quente, eletrocuta
molhado, vulcão lança as lavas, as cinzas,
a areia branca dos teus pés ainda povoa meu quarto.
Já era madrugada no domingo,
dia de abraços severos, de capinar o sono,
as sementes de café brotando ao sopro de teus lábios,
com gosto de  meia xícara de doce de leite.
Todo o tempo em que olhar o Douro,
lembrarei de um cometa de vidro azul,
que era tão feio em sua falta de detalhes
mas constituía parte do vaporeto que nos levava
às ilhas de nuvens coloridas ensolaradas.
Cheiro de roupa encharcada,
copo de bolhas inundando o tempo de espera.
Poesia espalha igual à pólen de margaridas amarelas
e  te inalo como se eu pudesse ser
Diego Armando Maradona.





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